Os números são alarmantes e a necessidade de falar sobre o tema, também é. De acordo com os dados do Ministério da Saúde (divulgados em setembro de 2017), no Brasil, cerca de 11 mil pessoas com idade entre 15 e 29 anos cometem suicídio por ano. Mundialmente, o número ultrapassa 800 mil por ano, equivalente a uma morte a cada 40 segundos. Estes dados tornam o suicídio a segunda maior causa de mortes no mundo. Como psicóloga, psicanalista e, portanto, profissional da saúde, sei o quanto é importante falar, discutir, refletir e gerar conhecimento para a população a respeito do tema.
O suicídio é o ponto final que muitos chegam, de um caminho árduo chamado depressão. Não são todos os deprimidos que cometem ou tentam o suicídio, mas grande parte tem pensamentos suicidas. Devemos ser cautelosos quanto à depressão. Ela, muitas vezes, não tem rosto e está camuflada em sorrisos e comportamentos que julgamos comuns. Isso dificulta a identificação dela em adolescentes também, pois por ser uma fase de muitas descobertas e conflitos internos, ela pode estar, ou não, escondida debaixo do aglomerado de sentimentos julgados pelo senso comum de “normal da fase”. Este julgamento invalida a dor real do jovem e causa um sentimento de insignificância perante a vida.
A dor e sofrimento que levam uma pessoa a cometer suicídio é uma dor sentida e não consentida. Devemos estar atentos quanto ao comportamento do outro, e da mesma forma, aos nossos. É importante falar de nossas vulnerabilidades para poder compreender, acolher e dar espaço para escutar a dor. As mídias sociais, que podem ser um dos males da causa, podem ser também, uma grande aliada para o bem.
Participei de uma conversa sobre o tema para o canal do Youtube “Vamos falar sobre Psiquê”. Junto comigo, participou Raquel Pacheco, mais conhecida como Bruna surfistinha pelo filme, agora pela série produzida pelo canal Fox e vários livros que escreveu. Raquel falou sobre a quantidade de vezes que tentou o suicídio, os sentimentos, a família, prostituição. E minha contribuição foi falar a partir da psicanálise sobre o tema. Foi um bate papo bastante interessante no sentido de quebrar tabus e poder falar sobre o assunto.