DA MARI

PSICOLOGIA, PSICANÁLISE, SEXUALIDADE E DIVERSIDADE DE GÊNERO

Reflexões de uma Mente Suicida

Após ler e ouvir alguns relatos, declarações e desabafos de pessoas que já pensaram em cometer suicídio, resolvi reunir pontos importantes em um único texto com a intenção de provocar a empatia e conhecimento sobre os sentimentos de um suicida. Mas ao invés de abordar a psicologia, dados estatísticos e informações de estudos científicos, vamos tratar estes sentimentos de um jeito diferente, com uma narrativa de uma persona em profunda depressão com tendência suicida.

O suicídio é uma triste realidade não tão distante e você pode salvar uma vida com um simples gesto de amor. Portanto, leia com os olhos do coração:

Amanheceu novamente e o vazio é meu desjejum. Quando abro os olhos tenho a sensação que o dia anterior escorreu de minhas mãos em segundos. Porém, no decorrer do dia, os minutos parecem horas e o dia se torna eterno. Vivo em conflito entre a angústia de querer que o dia acabe logo e a angústia do dia seguinte, em perceber o quanto o tempo está voando. Algo deve ser feito para mudar isso. Tenho que tomar alguma decisão para não sentir mais essa dor. Mas acho que dá para esperar mais um pouco.


Nada mais faz sentido e ninguém se importa. O vazio parece uma imensa bolha sufocante e tomou tanto espaço em meus dias que às vezes esqueço como vim para aqui. Dentro desta bolha me encontro sozinho e censurado por mim mesmo. O medo de falar para alguém sobre meus sentimentos me assombra. O que dirão e pensarão sobre mim? Quero evitar qualquer tipo de julgamento, pois disto já estou farto. Mesmo mandando sinais involuntariamente, as pessoas não veem ou simplesmente não se importam. Não quero continuar passando por isso. Não mais. Gostaria mesmo é de acordar em outro corpo, outra cidade, fugir da minha realidade que se resume em problemas e dores. A vontade é de sumir e a alternativa é uma só. Talvez esteja chegando a hora.


Ando pela cidade e o céu que vejo é sempre nublado, não importa a estação. Até consigo sorrir, conversar sobre vários assuntos com amigos e familiares. Mas será que eles desconfiam do que se passa dentro de mim? Não é justo eu distribuir minhas dores. A dor se tornou tão presente que já faz parte de mim e me tornei capaz de mascará-la com piadas e canções. Mas só eu sei o que há em minha cabeça quando a deito sobre o travesseiro. Sei que o dia chegou ao fim novamente em um ciclo torturante. Tento afastar meus pensamentos para dar espaço ao sono, pois, só hoje, não quero me medicar. Acho que minha decisão está quase tomada.


Acordo, já é de manhã. Caminho até o espelho e me encaro. Não me recordo a última vez que olhei em meus próprios olhos. Eles parecem maiores e mais brilhantes. Minha vista fica embaçada. Vejo um borrão no espelho e meu rosto se iguala com os meus dias: Indefinidos e confusos.


Finalmente a lágrima escorre e eu posso ver nitidamente o meu rosto aflito. Neste momento penso nas pessoas que eu amo e dizem me amar. Penso em meus pais e o sofrimento que eu causaria a eles se eles me perdessem. Penso em mim, em meus sonhos esquecidos e abandonados. O que está faltando para mim? O que aconteceu comigo? Sinto algo dentro de mim querendo me responder. Então, me lembro da sensação de um abraço. A única certeza que tenho agora é que quero sentir esta sensação novamente. Preciso de ajuda. Quem sabe o dia de hoje não seja tão ruim. Afinal, ainda há forças.

POSTS RELACIONADOS:

ENDEREÇO DE ATENDIMENTO

Rua Vergueiro, 1.421 – cj. 201 – Torre Sul
Paraíso – São Paulo/SP

CONTATO

Fone e Whatsapp: (11) 98315-8158

Email: contato@marileiarosa.com.br