Um dos sentimentos mais cobiçados, se não for o maior hoje, é a reciprocidade no amor romântico. Esta cobiça — não no sentido ruim da palavra — é uma busca pela completude em amor dado por outra pessoa. É sobre a metade que, de maneira teimosa, afirmam faltar em nós e que só o amor de quem se ama completará a “parte que falta”. Isso porque crescemos vendo na literatura e na TV os finais felizes de mocinhos e mocinhas, histórias românticas com as mais incríveis provas de amor. Além claro, da pressão social pelo casamento perfeito. Aprendemos a desejar um lindo e indestrutível romance e associar esta experiência como a única forma de alcançar a real felicidade. Enquanto ela não vem, ficamos sonhando com aquele incômodo vazio no peito.
A reciprocidade no amor, nos traz muita confiança. Nos sentimos desejados, especiais, amados! Há o anseio pela aceitação e aprovação do outro por você. Freud já dizia: “Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada”. Sim, mas o que seria esta confiança? Seria o nosso ego narcisista satisfeito por alguém lhe desejar e lhe ter como importante? Seria a segurança de que há alguém para lhe fazer feliz e você não mais precisará se responsabilizar por isso? Ou é a simples felicidade por poder partilhar momentos com aquele que amamos? É para se questionar, pois é preciso ter cuidado para definir o que é amor e estar bem consigo mesmo para então doá-lo a alguém.
Há muitas definições para o amor. Em um dicionário diz que o amor é o “sentimento de afeto que faz com que uma pessoa queira estar com outra, protegendo, cuidando e conservando sua companhia” (Dicio). Em outro, é o “sentimento que leva uma pessoa a desejar o que se lhe afigura belo, digno ou grandioso” (Michaelis). Dizendo de forma minimalista, o amor é o sentimento mais completo e belo que existe. Mas deve-se ter cautela para não misturar com outros componentes, pois para muitas pessoas há uma linha tênue entre o amor, a paixão e outros sentimentos que terminam em obsessão. Pegando carona em citações freudianas: “O amor cura, mas também é loucura!”
Em uma relação saudável há espaço sim para os ingredientes românticos e o respeito pela individualidade e liberdade de cada um. Em uma mesma relação pode-se ser amantes quentes, mas também dividir o silêncio em uma tarde de leitura num domingo. Pode-se ser amigos em uma aventura na montanha e namorados em uma noite fria na cidade. Em uma mesma relação pode-se ter cumplicidade em segredos, mas também a consciência que você não é o centro do outro. Um bom relacionamento tem os pilares do amor por si mesmo, do respeito e empatia pelo outro e da liberdade de cada um. Assim, o amor flui livre e dá espaço para suas várias nuances mais leves às mais quentes.